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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Fugas

São 3 horas da manha... Ou 2 horas da manhã...
Enfim isso não importa, aqui a hora é desnecessária, imprópria, aqui o que importa apenas é ver suas pernas trêmulas, caídas nessa cama, aqui na altura da luz, com sombras de uma luminária suspensa na parede, e o seu reflexo distorcido no quase espelho feito da luz natural que entra pela fresta da janela, essa sim, essa luz te procura e te acha, muitas vezes mais do que a mim, por saber sempre onde você está, com quem você está, ela vai e nada a impede de te encontrar, você, quase ou totalmente desnuda, não se importa porque dessa luz você não se veste com nada, nem com roupas, nem com medos, dessa você não  se cobre, pra essa luz você fica livre, tão livre que nem se importa, que as vezes esquece de quem está a teu lado, no instante em que a luz te encontra, o resto fica escuro, o resto continua ali, mas nem você nem ela enxergam, percebem, se importam,  eu até vejo que você nesses momentos pouco me nota, mesmo que eu esteja te despindo, te amando, você simplesmente foge dali, escorrega de mim e vai ao encontro, ao seu louco encontro, e eu sei que tu sabes, eu não me  importo com isso, sua fuga de mim não me causa ciúmes, eu sei, o trato foi não impedirmos nada que atraia um ao outro, ou que separadamente traga pra cada um, prazer, um toque, um fechar de olhos e abrir de mente, nosso jogo pode aparecer meio perigoso a outros olhos, mas nós sabemos o que é, e é, realmente é um perigo e desses perigos que se fossem com outros já teriam levado a loucura, já teria feito estragos em tudo em volta, mas no nosso caso tudo continua aqui, cada coisa em seu lugar, cada objeto, cada livro seu, meu, nosso, suas enciclopédias e dicionários, meus livros de contos e poemas, mas engana-se aqueles que pensam que somos diferentes, eu também fujo mesmo quando você está ao meu lado, mesmo quando as mãos estão num raro momento entrelaçadas, mesmo ali, mesmo quando estamos sós, ali também há fugas, há distrações, coisas incompletas, inconformes, não que haja uma fuga idiota onde vivamos a dar voltas ao redor de nossos egos, são só estradas e caminhos distintos, ou iguais demais, eu fujo cada vez mais de você enquanto você fica parada me observando, mas também está fugindo, todos estamos, cada vez mais, mesmo sentados ao lado de todos, estamos correndo, fugindo, sumindo....

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