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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Bolas e bolhas e sobre o pequeno ato de contrição

me emputeci com tudo, se é que essa palavra existe, senão existe, pra mim passou a ter um grande sentido, emputecer, grande ato de me deixar levar por aquilo que venho adiando a muito tempo, pois quem mandou, veio tudo assim, ate com a poeira das outras coisas que estavam dispostas e expostas nas prateleiras de minha antesala de coisas e modos, bolhas e sentidos, tava tudo la e fui mexer no queijo errado, o meu tava em cima de um báu e que liberou tudo de la, eu ja sabia que mexer onde deveria ia dar nisso, mais eu gosto dessa vontade de me testar, mesmo sabendo as nuançes, eu vi hoje que eu não fiz absolutamente nada do que pensei, não disse o que pensava na exata hora que eu achava que deveria, deixei pra depois e depois não veio, não fiz as coisas liricas que pensei que estivesse hoje fazendo, não mudei o que pensei que mudaria, não fiz os pedidos imaginados, continuei esperando o que não veio, foram tantos nãos que me emputeci de todos, fui ver no canto do quarto, não teve o vinho, não teve o som que queria que hoje tivesse, não teve ela me fitando e cheirando ao mesmo vinho e bebendo das coisas loucas e sem sentidos que eu guardava pra mostra-la e ver seus olhos ao sentir o mesmo, a mesma loucura, o mesmo ardor seco dos vinhos bebidos ou apenas nas têmporas dos sonhos desses loucos encontros secos de sentido, por todos os não ter intão fiquei sentado esperando que as cores desse quarto mudasse, não mais branco gelo, mais uma cor que se parecesse com isso tudo que fiquei pensando e qual era ainda não consigo externar, quase um FLICTS como na história do ziraldo, que sempre achei meio eu ali, sem ser branco, vermelho, ou azul, apenas flicts, apenas uma cor quase não cor, não no meio das outras cores, so flicts, sempre gostei mais dessa história do que das outras, do que do menino maluquinho, muito bobo e idiota, muito normal, é meio essa cor de pensei pro quarto, mais um flicts crescido, ja adulto que ainda não se encaixou nas cores, ainda busca e tenta mais cansa as vezes, se emputece enfim, se deixa levar por onde ele sabe que eu não pode ir, não vai dar certo, por mais que eu queira e tente...


"Era uma vez uma cor muito rara e muito triste que se chamava FLICTS


Não tinha a força do vermelho
Não tinha a imensa luz do amarelo
Nem a paz que tem o azul
Era apenas o frágil e feio e aflito FLICTS

Tudo no mundo tem cor

Tudo no mundo é azul cor-de-rosa ou furta cor

é vermelho ou amarelo

quase tudo tem seu tom roxo violeta ou lilás

Mas não existe nada no mundo que seja FLICTS -nem a sua solidão-

FLICTS nunca teve par

um lugarzinho num espaço bicolor (e tricolor muito menos pois três sempre foi demais)
Não existe no mundo nada que seja "FLICTS"

Na escola a caixa de lápis de cor de colorir paisagem casinha e cerca

e telhado árvore e flor

e caminho laço e ciranda e fita

não tem lugar para flicts"

Ziraldo.

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2 comentários:

Unknown disse...

Ainda há tempo para fazer o que não foi feito, mesmo que de maneira diferente quando o tempo "disso" ou "daquilo" já passou. Há tempo de mudar o que não mudou, de dizer o que não disse, ou dizer mais, de fazer os pedidos, ou outros pedidos, não de fazer as coisas que pensou estar fazendo hoje, mas de fazer o que realmente quer fazer. Lamentar tempos perdidos, é apenas perder mais tempo.

"Vou, uma vez mais, correr atrás de todo o meu tempo perdido. Quem sabe, está guardado num relógio escondido por quem nem avalia o tempo que tem. [...] São mais de um milhão, uma legião, um carrilhão de horas vivas. Quem sabe, dobram juntas as dores coletivas, quiçá no canto mais pungente que há." (Um Tempo Que Passou - Chico Buarque)

Rui disse...

Tinha que ter chico no meio.............
Mais lindas palavras, enfim elas vieram.

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